sexta-feira, dezembro 14, 2007

quinta-feira, novembro 22, 2007

Id

Velho. Sente-se velho. Pesa-lhe a terra inteira sob os pés a cada passo, pesa-lhe todo o universo em cada respirar.

Na beira da pedra onde escolheu sentar-se, pesa-lhe, sobre a curvatura das costas, todo o tempo que viveu. Na palma da mão esquerda plana-lhe o olhar vazio, sem admiração contempla o enxame de galáxias que guarda no seu punho.

Que nome lhe dar? Na falta de não poder escolher nenhum ter, tem-nos a todos, porque no seu entender tudo e nada significam o mesmo.

O Velho não tem língua, conquistou o sagrado silêncio à custa de cortar a sua própria língua e lançá-la aos vermes que vivem no abismo da sua mente. Nos raros momentos em que se sente só, como no dia em que se sentou na pedra, limita-se a esticar o pescoço para os céus e abrindo a boca faz vibrar a sua garganta num profundo ecoar que se une no eterno movimento.

Ao Ermita ninguém olha nos olhos. Resvalaram os pés no limite do vazio negro e circular dos que tentaram.

Passaram muitos dias desde que se sentou na pedra, dias e noites. Desabaram nuvens por inteiro sobre o seu corpo e o Abandonado, imóvel como uma estátua, vibrante e ressonante de cabeça erguida às estrelas até finalmente mergulhar profundo no seu silêncio, dispersando a solidão como se um bando de aves fosse.

Os seus desesperos eram feitos à medida da sua natureza, chamaria todos os Homens até si, tivesse ele língua para falar, para de uma só vez os reduzir a cinza na palma da sua mão. E a si não se pouparia, Ódio, desprezava-se igualmente, por vezes numa fúria desmedida fazendo agitar os mares e os solos revolverem. O seu ódio era tão perfeito quanto completo, do exacto tamanho do seu amor.

Na verdade amaldiçoava o dia em que tinha trocado o incesto com dragões para conhecer o Homem. Na verdade, a Verdade, amava de forma igual a sua actual simetria.

E então caminhou para longe da pedra esquecido do que o fizera sentar.

sexta-feira, novembro 16, 2007

sem nome

Ouve-me.

Se um dia os espaços cederem, perdoa-me.

Se for levado ao sono num vibrar imenso, perdoa-me.

Hão de haver pássaros em susto a cruzarem o céu no fim de todas as noites.

…a dispersão.

Vejo-me de dorso curvado, cravado de estrelas, narinas dilatadas a expelir poeiras luminescentes, peito a expandir e contrair com uma violência métrica…

Silencio!

Ouve-me!


Perdoa-me, mas o eterno é limitado à circunferência dos meus Demónios, não há outro lugar onde se contenha. Difere tudo, tão-somente, no pormenor de em interna confidência eu lhes ter jurado que agora não se trata de quem vai ceder, mas sim, que se não cederem me perdem. Eles antes de ti.

segunda-feira, agosto 06, 2007

Medo

Acerca-te de mim.

Chega-te bem perto do abismo e vislumbra o insondável, que eu faço o mesmo. E se sentires a força de braços serpentinos e, o atrito de escamas firmando junto das tuas costelas, não temas, não tremas, sou Eu.

segunda-feira, julho 16, 2007

O velho órfão

A vida é um cálice vazio, tentamos a todo o custo enche-lo mas não compreendemos que ele se enche de nós mesmos até ao dia em que transborda - isto dizia-me o meu pai há mais de 60 anos. Dizia também, enquanto sulcava a terra para a plantar, que a luz era como as sementes e as plantas que delas provinham, mais importante para ele eram as terras de onde brotava a vida do que a vida em si. A escuridão cósmica, para si, era o corpo do Senhor, todo Ele erguido e apoiado sobre si mesmo, majestoso e contemplativo, fazendo brotar de si o seu raro fruto, a luz.

Da terra o fruto, das trevas a luz, do silencio o ruído… Dizia ele, o meu pai, que a prova da existência e gloria do Senhor era confirmada na simples constatação de que ele era o inicio e o fim de todas as coisas, o fruto vinha da terra apenas para voltar mais tarde à terra.


Agora moro exactamente na mesma casa, fico-me pelo alpendre a contemplar as estações a passarem na companhia dos gatos a quem pertenço. O cálice do meu pai já foi bebido há tempo de mais para me lembrar, recordo apenas o sonho que tive na noite em que partiu. Estava eu nu e sem idade deitado sobre um chão frio de uma sala como nenhuma outra sala, toda ela parecia não ter fim e no entanto via-lhe paredes de mármore a erguerem-se infinitamente. No meio da sala lá estava um cálice e sobre ele pingava um liquido provindo de um possível tecto. O cálice estava cheio e gota a gota acabou por transbordar. Uma mão tomou forma, e delicadamente colocou o pé do cálice entre o dedo médio e o anelar e com a palma apoiou o fundo erguendo até aos lábios que se materializaram num instante para o beber. Depois disso lembro-me de acordar rodeado pelas lágrimas do todos os que habitavam a casa, nunca mais vi o meu pai. Acabaram todos por partir e sobrei eu por acreditar que estando sozinho e afastado dos Homens se resolve o único problema da morte.


Hoje caiu mais uma estação, as cores do Verão atearam o Outono nos campos e até o meu corpo serve de poiso ao dourado do ar. A árvore dos recém-nascidos está carregada dos seus frutos e ouvem-se os seus gritos mesmo por entre o ruído do vento em todas as outras árvores. Os gatos agitam-se e juntam-se ao choro do coro, agito-me eu também e caminho até à árvore para colher um fruto. Ao retirar o recém-nascido gera-se um estranho silencio, caminho de volta ao alpendre apoiando o bebé de encontro à pele macia e rugosa do meu peito, sento-me na cadeira de baloiço a contemplar o perfume de pavor exalado pela árvore.

Baloiço… baloiço… baloiço sem parar, a cabeça do menino encontra conforto no meu peito enquanto os seus lábios procuram os meus mamilos. Do olhar semi-consciente dos gatos sente-se a ternura do momento a acalmar os espaços entre os corpos, finca-se então a boca no meu mamilo esquerdo e as gengivas nuas a comprimirem a carne entre elas. O bater do meu coração, cada vez mais rápido, de encontro à pequena cabeça, as pequenas mãos a explorarem o meu peito e face, desenhando com a ponta cega dos dedos as minhas rugas.

É assim todos os anos no primeiro dia de Outono, agora dois ou três dias passarão em que apenas me deixarei estar aqui pelo alpendre até que o menino morra da minha fome, depois largo-o no meio dos gatos para o comerem.
Mas só mesmo depois de morto, não sou uma pessoa cruel, não para os Homens e muito menos para os Gatos.

quinta-feira, junho 28, 2007

Sobre A Sede

Mais uma vez o Deserto. A frequência com que o Deserto aparece nos meus escritos explica-se facilmente. No sitio onde vivo só se vê Deserto, seja qual for a janela que eu escolha. E por mais horas que perca sentado na soleira da minha alma a contemplar tão despidas paisagens, não me canso. Não poucas vezes, ou todas, dependendo da profundidade com que sou lido, também é verdade que a morte, ou a Morte, marca sempre o fim do que escrevo, mas quanto a isso pouco posso fazer, a morte é vulgar, é o que de mais trivial há na vida e é sempre o fim de todas as historias. Não seria por viver no Deserto que ela se tornaria mais ou menos vulgar, por aqui também se morre como em todos os outros sítios. A diferença está, a meu ver, no tempo que decorre entre o nascimento e a morte, a vida, que aqui tem um valor maior do que em outro qualquer local no mundo.

Neste local tudo é belo, foi isso que me levou a assentar Lar por aqui, antes de se conhecer o Deserto tudo no mundo nos parece adquirido, como se os corpos, animados ou inanimados, não fossem donos de qualquer existência e apenas fossem por si mesmos, sem lutas, sem terrores. Mas da primeira vez que se estabelece o dialogo entre os nossos abismos e este mundo, compreende-se tudo de forma diferente. Hoje sei que moro distante de tudo e todos, mas sei também que os Homens que vêm até mim tiveram de passar um Deserto para me chegar e se o passaram até esta morada foi porque dentro deles existe, antes de um amor à minha pessoa, um Amor maior a tudo o que significam estes espaços, uma compreensão das Sedes que aqui reinam. E eu sei que sou infinitamente mais pequeno em tudo que o Deserto, e mesmo morando em todos os recantos dele, sei o ridículo que é quando uma voz Humana nos diz amar mais que tudo no mundo… Ora bem, uma voz destas só pode ser de uma alma toscamente talhada ou de alguém que mesmo tendo pisado as areias nunca as conheceu. E a esses, eu que me tornei também Deserto, como já escrevi, tenho somente para oferecer a ilusão, e julgo que não por culpa minha.

O que quero dizer, nesta carta dirigida aos que habitam os meus espaços vazios, é que quando se está no Deserto não se deve procurar formas de matar a sede, mas antes formas da Sede ser a nossa Morte. Porque se o matar da sede é em si mesmo um fim, o acabar de uma vontade que nos move, a Morte pela Sede é o continuar de um caminho movido pela vontade rumo ao eterno.

(Sei que não tinha de escrever nada disto, poderia limitar-me ao Deserto das palavras onde eles igualmente me conhecem. Mas antes de escrever este texto, enquanto mais uma vez olhava as minhas areias, lembrei-me que na vida as pessoas que amo são raras como os Desertos e que nunca posso possuir delas mais do que dois punhos cheios.)

terça-feira, junho 26, 2007

A Figueira


Floram no chão as chamas do meio-dia e os subterrâneos vapores que turvam o horizonte. Fora o canto áspero das cigarras, toda a vida aparenta estar ausente deste mundo, apenas Urukagina se arrasta verticalmente como que embalado pelo ziziar dos machos… senta-se na sombra perfumada da Figueira ensaguentando o solo com o seu suor e já coberto pelo sombrio lençol, prende os olhos nos leves seios que desenham a paisagem de Sirpula. Pretende esquecer-se dos Homens e dos Deuses, por isso abandonou a sua cidade em plena hora de morte no Verão e partiu em busca de uma arvore da qual pudesse ver todo o Mundo livre do que não fosse Mundo, virando as costas aos que o amavam e ao seu majestoso templo que riscava os céus. O coração bate-lhe pesado no peito fazendo pulsar até a alma, ainda com o respirar profundo como os poços do deserto estende o corpo ao comprido sobre o vermelho das terras apoiando a cabeça nas raízes da Figueira. Todo o seu ser vibra com a frescura desta sombra, abandonado lentamente pelo cansaço que o ia carregando ao longo da sua caminhada.

Na copa da arvore os frutos encontram-se inchados, grandes como punhos cerrados, cobrindo Urukagina com o seu mel, mas ele ignora-o, perde-se agora nos espíritos que rodopiam à distancia sobre as areias e no bando de abutres que nas alturas parece acompanhar os espíritos nas suas danças espirais, junto com eles também o seu pensamento vagueia para longe da terra dos Homens e do seu próprio corpo. Anseia apenas não abandonar mais este lugar, não regressar ao seu reino, feito do Homem que ele é para todos os outros Homens que o habitam.

A noite chegou e partiu, muitas outras noites se passaram e juntamente com elas caiu Sirpula primeiro e depois todos os reinos, impérios e nações. Urukagina, ainda agora se encontra deitado debaixo da mesma Figueira, mantido vivo pelo eterno néctar dos figos que lhe desagua nos lábios, nem a dormir nem acordado, apenas a passear os seus sonhos de olhos bem abertos, juntamente com os espíritos do deserto e os bandos de abutres que dançam ao som do cio das cigarras, longe de si, longe dos tempos.

sexta-feira, junho 22, 2007

II


Ainda cativo do comboio lancei-lhe a âncora do meu sono e agora resido nestas eternas viagens. Esmagado pelo peso dos olhos, de tempos a tempos ainda vislumbro todo o mundo cheio de dormência a correr lá fora. O mar, o rio e os céus passam-me fugazes e distantes até se perderam de novo no sonho. Já me perdi até no tempo, juro que não sei há quantas Eras aqui estou... Do oceano para o rio e do rio para o oceano, viagem sem fim e sem ponto de partida ou chegada, escuto apenas o eterno murmurar das carruagens a deslizarem sobre os carris feitos de metálico tempo e uma vez por outra, o grito da velha Leviatã que vive nas margens líquidas do mundo.

A chuva parou, desperto com os guarda-chuvas a debandarem como pássaros pela minha janela. Os braços do sol escapam-se em esforço por entre as nuvens estendendo-se até tocarem na superfície do chumbo das águas. Todo o céu se revolta numa dinâmica lânguida ao erguer da Leviatã, aí, antes de me perder de novo, mergulho o pensamento nas planícies do firmamento, ouvindo cada vez mais distantes as vozes dos fantasmas. Até esse silencio se tornar na minha voz e por fim, na antiga língua das serpentes.

quinta-feira, maio 31, 2007

Insónia Febril



Deveria estar acordado
e não durmo,
escorrem-me as horas
pesadas como sombras
pela face,
cola-se-me o tempo ao corpo.

Sinto esta madrugada corrompida.
O dia artificial como uma peste
afugenta o sono das paredes
e o tempo arrasta-se enfermo,
dependurado no que resiste à luz.
...de mim não se aparta,
não cala o sopro de quem chora,
não pára o grito sussurrado,
o desespero incontido por me conter.

Há nas minhas sombras um frio profundo que se me crava nas costas,
uma vigília de morte que não me deixa morrer.

quarta-feira, maio 30, 2007

Abismo


Forma-se o tempo aqui
na ausência de tudo.
Edificam-se torres
de formas fragmentadas
e as sinistras silhuetas,
sobre quem nem as velhas cobras
ousam sibilar.
Percorro-me aí
perdido em labirintos desprovidos de paredes
há muito desgastados pela fricção das asas.

Corpo.
Templo inútil
abandonado.
Serve-se a glória eterna
em corredores de fogo inalados
e sonhos de dragão primordial.
Na língua dormem palavras antigas
escoadas pelos olhos fixos no abismo ascendente.
O universo dilui-se docemente
na minha boca de Inferno.

Que caminho decidi tomar…
Coroam as margens as ruínas dos edifícios humanos
e no trilho, miríades de anjos,
como insectos,
cobrem o solo no ultimo dos sonhos.

Que caminho…
Basta-me brindar à vida,
com um cálice cheio de Morte.

sexta-feira, maio 25, 2007

Manhã de Maio






No despertar o corpo está morto. Desmente-se apenas pelo calor latejante do sexo e pela sensação de fome. Lá fora, embora primavera, não são os pássaros que cantam mas os céus que desabam com harmonia de encontro ao solo. O sol afastou-se deste pedaço de terra faz uma semana e Deus na tentativa de ocultar tão estranho cataclismo, cobriu os céus de cinza invernal, para salvar os Homens de tão grande monotonia trajada de pálido e insalubre azul. De volta à terra, o tabaco é cuidadosamente lavrado sobre a mortalha enquanto o cadáver agora acordado se desenrola lentamente da sua. Inspira… Parece de facto o primeiro respirar desde há muitas horas, o fumo ocupa o interior do corpo com gentileza e espanta a fome, ao expirar, os olhos ainda a deambularem entre mundos, acompanham o fumo, como se ele levasse em si diluídos os primeiros pensamentos do dia e os últimos da noite. Mais um cigarro ainda antes do corpo se erguer, de facto parece que não há veneno que chegue. E o corpo desliza sem pensar, detêm-se apenas por mais alguns momentos coberto pelo manto de água que desaba do chuveiro, ali inebriado pela amena vertigem do tabaco matinal, parece que a morna temperatura dos pensamentos se funde com o ar. Com a toalha retiram-se as ultimas gotas desta sublime droga e como que a levitar… eis o mundo exterior. Efectivamente os sentidos cegos não mentiram, os cascos do Inverno mostram-se vigorosos em pleno fim de Maio, destroços de céu cobrem as ruas e as pessoas que caminham sobre os destroços parecem elas mesmas destroços mas sem estarem cobertas de céu algum. Meto-me no carro rumo à estação dos comboios, como uma lamina corto lentamente esta massa uniformemente cinzenta enquanto contemplo todo o amargo da beleza do mundo. A fome volta a ferir-me o estômago e os céus a cariem com mais veemência, ainda no interior do carro preparo mais um cigarro para me alimentar. Caminho então para o comboio de cigarro resguardado na mão, é bom sentir o frio da chuva a beijar-me a cara e o respirar desta Primavera moribunda que maternamente mantêm o ar quente. Rodeado pela náusea colorida dos chapéus-de-chuva apago o cigarro e entro na carruagem, jogo-me de novo à morte.

terça-feira, fevereiro 27, 2007

ABSTRACTOSSOIS


A meio caminho entre o Animal e os Deuses… Contam-nos isso como se entre esses dois pontos, mais ou menos próximos, uma linha ou um caminho houvesse a ser percorrido por nós Homens. Um objectivo em que nos teríamos de tornar Divinos,.Uma obrigação, talvez provocada por uma brincadeira de mau gosto com proporções cósmicas, em que este objecto foi lançado da mãe de todas as torres para que ao chegar ao solo lhe fosse dito enquanto ainda moribundo – Agora que te tornaste verme ascende novamente.

E aqui nos temos… e enquanto Homens pouco mais temos que fazer do que comer, dormir e procriar. Nos espaços intermédios, consome-se o tempo com o trabalho, para que o comer, o dormir e o procriar sejam possíveis com o máximo das comodidades. No fundo pouco não temos de animal, apenas devido à nossa complexidade acabamos por complicar o simples, possibilitar o impossivel. Sobra-nos a abstracção, a nossa riqueza e que com a avareza de quem duvida das vantagens advindas de um negócio concluído, queremos a todo o custo arrogar como nosso, para que o pouco tempo que agora nos sobra do "assegurar do básico" tenha um ganho verdadeiramente relevante. E o absurdo é tal que há entre nós quem dedique todo o seu tempo a tentar comprovar esta qualidade como algo unicamente Humano. Esta e outras irrelevâncias são em ultima analise campos filosóficos e são elas, quando no corpo do Filósofo, o caminho para a Divindade, e o Filósofo em si a incorporação do Homem que aos poucos vai abandonando a Humanidade. O Filósofo “puro” é o absurdo, o parasita… o sem linhagem. Só ele pode compreender que o caminho para abandonar o Homem é o Homem abandonar-se a si enquanto espécie. Votar-se ao esquecimento cósmico, ganhando assim o seu corpo divino.

Serão então os Deuses pura abstracção, não no sentido em que são um fruto dessa qualidade Humana mas no sentido em que existem por si mesmos e que eles próprios são abstracção. Seres desprovidos de qualquer necessidade Animal e que cada vez que nas suas abstracções se deixam mergulhar um pouco mais profundamente...chegam a criar universos. Como consequência nasce o irrelevante, ou seja, tudo o que existe. O corpo contido e o que contem são unos.

Jehovah e Satan, construção e desconstrução, Mãe e Pai, são as duas faces da Abstracção cósmica. Sem Jehovah não nos teríamos tornado Homens e sem Satan não nos poderíamos abandonar. Creio que, embora profundamente irrelevante, chegará o momento da união, da Morte total, do esquecimento eterno. Sem carne, sem espírito…Divino.