Forma-se o tempo aqui
na ausência de tudo.
Edificam-se torres
de formas fragmentadas
e as sinistras silhuetas,
sobre quem nem as velhas cobras
ousam sibilar.
Percorro-me aí
perdido em labirintos desprovidos de paredes
há muito desgastados pela fricção das asas.
Corpo.
Templo inútil
abandonado.
Serve-se a glória eterna
em corredores de fogo inalados
e sonhos de dragão primordial.
Na língua dormem palavras antigas
escoadas pelos olhos fixos no abismo ascendente.
O universo dilui-se docemente
na minha boca de Inferno.
Que caminho decidi tomar…
Coroam as margens as ruínas dos edifícios humanos
e no trilho, miríades de anjos,
como insectos,
cobrem o solo no ultimo dos sonhos.
Que caminho…
Basta-me brindar à vida,
com um cálice cheio de Morte.