terça-feira, fevereiro 27, 2007

ABSTRACTOSSOIS


A meio caminho entre o Animal e os Deuses… Contam-nos isso como se entre esses dois pontos, mais ou menos próximos, uma linha ou um caminho houvesse a ser percorrido por nós Homens. Um objectivo em que nos teríamos de tornar Divinos,.Uma obrigação, talvez provocada por uma brincadeira de mau gosto com proporções cósmicas, em que este objecto foi lançado da mãe de todas as torres para que ao chegar ao solo lhe fosse dito enquanto ainda moribundo – Agora que te tornaste verme ascende novamente.

E aqui nos temos… e enquanto Homens pouco mais temos que fazer do que comer, dormir e procriar. Nos espaços intermédios, consome-se o tempo com o trabalho, para que o comer, o dormir e o procriar sejam possíveis com o máximo das comodidades. No fundo pouco não temos de animal, apenas devido à nossa complexidade acabamos por complicar o simples, possibilitar o impossivel. Sobra-nos a abstracção, a nossa riqueza e que com a avareza de quem duvida das vantagens advindas de um negócio concluído, queremos a todo o custo arrogar como nosso, para que o pouco tempo que agora nos sobra do "assegurar do básico" tenha um ganho verdadeiramente relevante. E o absurdo é tal que há entre nós quem dedique todo o seu tempo a tentar comprovar esta qualidade como algo unicamente Humano. Esta e outras irrelevâncias são em ultima analise campos filosóficos e são elas, quando no corpo do Filósofo, o caminho para a Divindade, e o Filósofo em si a incorporação do Homem que aos poucos vai abandonando a Humanidade. O Filósofo “puro” é o absurdo, o parasita… o sem linhagem. Só ele pode compreender que o caminho para abandonar o Homem é o Homem abandonar-se a si enquanto espécie. Votar-se ao esquecimento cósmico, ganhando assim o seu corpo divino.

Serão então os Deuses pura abstracção, não no sentido em que são um fruto dessa qualidade Humana mas no sentido em que existem por si mesmos e que eles próprios são abstracção. Seres desprovidos de qualquer necessidade Animal e que cada vez que nas suas abstracções se deixam mergulhar um pouco mais profundamente...chegam a criar universos. Como consequência nasce o irrelevante, ou seja, tudo o que existe. O corpo contido e o que contem são unos.

Jehovah e Satan, construção e desconstrução, Mãe e Pai, são as duas faces da Abstracção cósmica. Sem Jehovah não nos teríamos tornado Homens e sem Satan não nos poderíamos abandonar. Creio que, embora profundamente irrelevante, chegará o momento da união, da Morte total, do esquecimento eterno. Sem carne, sem espírito…Divino.